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quinta-feira, 7 de janeiro de 2016

Quarto de Guerra - Opinião.


O filme Quarto de Guerra é muito bom, bem feito mas sei que não. 

Há momentos de real e excelente teologia bíblica, expondo que toda a humanidade é merecedora da ira de Deus, carecendo da misericórdia de Deus na obra de Jesus, mas, eles perdem o foco para momentos de frenética falta de noção. O filme é bom, mas sei que não! O foco da terminologia ruim do neopentecostalismo está presente nas narrativas, tipo: "eu abdico dos meus direitos" [quais direitos?], que satanás não vai vencer a "guerra" dentro da casa da protagonista, omitindo o verdadeiro inimigo, que é a natureza decaída do homem natural  - "não permitir satanás" destruir sua casa - diálogos contra satanás - na verdade, berros e muita falta de racionalidade. 

Não vou omitir, o filme é bem engraçado, mas sei que não. Teólogo ruim não tem graça. O filme apresenta um local meio místico chamado quarto de oração. Tem outro totem místico de "quadro das orações respondidas". Tudo isso vai gerar nas mentes mais fracas uma espécie de amuleto gospel neopentecostal.

Um ponto positivo,  boa parte da teologia do filme é na medida do contentamento cristão. O filme tem seu toque sentimental, mas ele acerta quando expõem que o contentamento cristão não deve ser nas coisas perecíveis mas nas coisas eternas [no próprio eterno Deus]. Mas ele erra feio nas narrativas contra o Diabo - é irritante na verdade.

O filme é tipo uma peça que já assistimos alguma vez numa igreja batista - feito para ser emocionante - feito para chocar - ou ate uma releitura do filme, Desafiando Gigantes. Muito choro e sentimentalismo. Há cenas que são a mesma coisa de outros filmes, tirando que os personagens são os mesmos. E por fim, o misticismo é tremendo nesse filme. O quarto de oração "desperta arrepios" no pastor que visitou a casa. E me desperto arrepios também. Porque teologia ruim arrepia mesmo.

Percebi muitos problemas - espírito territorial, batalha espiritual, determinismo, misticismo e humor demasiado. Contudo, percebi boa teologia na medida que ele expõem sobre o arrependimento, combate ao orgulho e paixões idólatras. Gostei que ele falou da teologia verdadeira [pelo menos uma ponta dela]. Que todos os homens necessitam de arrependimento por que todos pecaram. O que não gostei foi desse termo gospel dicotomista "oração/guerrear". É sério, irrita as "orações" da protagonista do filme. Como é chato ouvir a gritaria dela. Típico frenesi de quem não estuda teologia. Não gosto dessa teologia da guerra espiritual. Gostei que ele fala da condenação de toda a humanidade, e falou bem pouquinho da obra de Cristo. Mas ele peca em omitir o pecado natural do homem caído. 

Devemos "batalhar" sim! Mas batalhar de fato contra o verdadeiro inimigo, a natureza humana. E por fim - sério, o pessoa aqui no cinema bateu palmas - brincadeira tem hora....

O filme é bom, mas, sei que não!